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Queimadura: o que fazer?

Foto do escritor: CIPLASTCIPLAST

Michael Hikaru Mikami

Lucas Gabriel Pereira

Carolina Mantovani de Oliveira

Stephany Bendas Beiro


No Brasil, cerca de 1 milhão de pessoas sofrem acidentes com queimaduras por ano, destes, apenas 100 mil procuram atendimento em hospitais e unidades de saúde, 30 mil requerem internação e 2.500 vão à óbito direta ou indiretamente à queimadura.

As queimaduras são ferimentos traumáticos que ocorrem por ação de mecanismos externos, como térmicos, químicos, elétricos ou radioativos, levando à desvitalização do tecido epitelial do corpo humano. A exposição a esses agentes e as lesões causadas por eles podem ser classificados de acordo com a profundidade do tecido de revestimento do corpo acometido, sendo assim, classificadas em queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau.

Queimaduras de primeiro grau, também chamada de queimadura superficial, são aquelas restritas à epiderme. As principais manifestações são prurido, dor, eritema e edema em alguns casos. Não apresentam bolhas e não oferecem risco de morte. Exemplo deste tipo de queimadura são as causadas por exposição ao sol.

Enquanto isso, as queimaduras de segundo grau (de espessura parcial) podem ser separadas em superficiais e profundas, dependendo da extensão acometida da derme. A superficial caracteriza-se por apresentar dor intensa, bolhas (flictenas) na maioria dos casos, superfície úmida e edema. A profunda já é menos dolorida, mas ainda pode apresentar dor. Sua cicatrização é mais difícil e se confunde com as queimaduras de terceiro grau.

Já as queimaduras de terceiro grau são aquelas que atingem todas as camadas da pele, podendo ainda, atingir outros tecidos mais profundos como ossos, músculos, nervos e vasos. São indolores (ou quase), devido a destruição de terminações nervosas; de coloração esbranquiçada, acizentada ou enegrecida, dependendo da causa com exposição dos tecidos que se encontram sob a pele; são, ainda, secas e necessitam de suporte cirúrgico, o enxerto de pele.


TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Independente da causa, o principal método pré-hospitalar e mais eficaz ainda é a irrigação com grandes volumes de água a temperatura ambiente, sendo contraindicado o uso de água fria ou gelo: água gelada aumenta a isquemia e a profundidade da queimadura. A conduta inicial se dá por remoção das roupas, retirar excesso de agente causador no caso de queimaduras por agente químico, e o mais importante, interrupção da queimadura com água corrente. Lembrando que não se deve passar nada no local (creme, pomada) sem orientação médica.

A interrupção da queimadura e resfriamento com água corrente tem como potenciais benéficos proporcionar alívio da dor, menor formação de edemas, redução da taxa de infecção, assim como aprofundamento da lesão, cicatrização mais rápida, menor necessidade de enxertia, diminuição das cicatrizes e da mortalidade. O resfriamento deve ser iniciado o mais rápido possível por 30 minutos a 1 hora; no entanto, o resfriamento tardio ainda pode ser benéfico.

No caso de queimaduras por agente químico, deve-se evitar agentes neutralizantes. Isso porque, o processo de neutralização do agente é uma reação exotérmica, ou seja, a reação libera mais calor.


PREVENÇÃO

Para prevenir queimaduras, é importante conhecer a relação dos tipos de acidentes com as idades em que eles mais ocorrem.

Dos pacientes entre 0-18 anos o principal agente causador de queimadura são líquidos aquecidos. Enquanto isso, na faixa etária dos 19-65 anos, temos a presença de diversos agentes causadores, como trauma elétrico, químico, fogo, sólido aquecido, líquido aquecido e principalmente líquidos inflamáveis.

A utilização displicente de produtos inflamáveis demonstra o motivo deste ser o principal causador de acidentes. E em segundo lugar, os líquidos aquecidos demonstram o descuido no manuseio deste agente, o que leva à traumas que poderiam ser evitados com alguns cuidados no cotidiano.


A prevenção das queimaduras requer medidas relativamente simples: (https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/prevencao-de-queimaduras/)

· Coloque as panelas nas bocas traseiras do fogão e com os cabos virados para trás ou para o lado – jamais para fora-, para evitar que as crianças puxem os cabos.

· Impeça a presença de crianças na cozinha quando estiver utilizando o forno ou o fogão.

· Mantenha cabos e alças em bom estado, para evitar que se soltem e derramem o conteúdo quando você erguer as panelas.

· Mantenha o registro do gás fechado quando não estiver utilizando o fogão.

· Nunca deixe fósforos e isqueiros ao alcance de crianças.

· Evite utilizar qualquer tipo de chama dentro de casa, seja para aquecimento, seja para iluminação. Se não puder evitar, deixe as chamas distantes de tecidos (cortinas, tapetes, toalhas) e sempre sob sua visão. Não espalhe velas pelos cômodos da casa.

· Mantenha o ferro de passar roupas longe das crianças.

· Guarde solventes, combustíveis (como o álcool) e outros produtos químicos em recipientes adequados, devidamente fechados e fora do alcance de crianças.

· Evite exposição prolongada ao sol e sempre use filtro solar.


A Sociedade Brasileira de Queimaduras, a fim de mobilizar mais educadores, profissionais de saúde e líderes comunitários na divulgação do Dia de Luta contra as Queimaduras, celebrado em 6 de junho, disponibiliza cartazes com foco na prevenção de acidentes.



 

REFERÊNCIAS

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